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Exposição reúne 110 obras de Abelardo da Hora na Caixa Cultural

De 13 de agosto de 2015 Sem comentários
Abelardo_NOVOS - Mulher Encostada

Obra “Mulher Encostada” de Abelardo da Hora

 

A CAIXA Cultural do Recife abre na próxima terça-feira, 11 de agosto, às 19h, exposição, “Abelardo da Hora 90 anos: Vida e Arte”, inédita no Recife, do artista e ativista cultural Abelardo da Hora (1924 – 2014), com 110 obras que trazem ao público a faceta inquieta e generosa do artista pernambucano, considerado um dos maires escultores expressionista do Brasil, com a curadoria de Renato Magalhães Gouveia (SP) e patrocínio da Caixa Econômica Federal.

A exposição ganhou estréia nacional no mês de março em São Paulo.  E aqui no Recife marca ainda 1 ano da morte de Abelardo da Hora, que faria 91 anos em 31 de julho.

Dentre as esculturas, desenhos, pinturas e maquetes destacam-se os bronzes “Menino de Mocambo”, de 1969 e “A Fome e o Brado”, de 1947; a série de 22 desenhos de bico de pena de 1962 e o poema “Meninos do Recife”; além da maquete e fotos da polêmica “Torre de Iluminação Cinética”, instalada na Praça da Torre, no Recife, em 1961 e destruída pelo regime militar em 1964.

Conhecido e admirado pelo temperamento ao mesmo tempo generoso e irreverente, Abelardo da Hora celebrizou-se internacionalmente a partir dos anos 1960 com obras de temática social que denunciavam a miséria brasileira e a exclusão, sendo considerado pela crítica especializada o maior escultor expressionista do Brasil.

“O íntimo da obra do artista aqui se revela não apenas nesses exemplos contraditórios apresentados. Esta exposição quer contá-lo como personagem completo: educador por excelência, desenhista, pintor, gravador”, escreve Renato no texto de apresentação da mostra.

Abelardo Germano da Hora (1924, São Lourenço da Mata – 2014, Recife, PE)

Escultor, desenhista, gravador e ceramista, Abelardo cursou de Artes Decorativas no Colégio Industrial Prof. Agamenon Magalhães, Curso Livre de Escultura na Escola de Belas Artes de Pernambuco. Trabalhou para o industrial Ricardo Brennand de 1943 até 1945, realizando vários trabalhos em cerâmica, jarros florais e pratos com motivos regionais em relevo e em terracota. Em 1945, foi para o Rio de Janeiro onde trabalhou num atelier improvisado na garagem da casa de Abelardo Rodrigues. Em 1948, prepara sua primeira exposição de esculturas expressionistas, a primeira do gênero realizada na cidade.

Idealizou e criou com Hélio Feijó e outros, a Sociedade de Arte Moderna do Recife (SAMR) e, em 1952, fundou o Atelier Coletivo da SAMR do qual foi professor e diretor.

Foi também um dos idealizadores do Movimento de Cultura Popular (MCP), criado na gestão do então prefeito do Recife, Miguel Arraes, 1960 a 1962. Esse movimento refletia um sentido altamente engajado e seu objetivo era “ampliar a politização das massas, despertando-as para a luta social”, conforme preconizavam seus participantes, entre os quais o célebre educador Paulo Freire, o escritor Ariano Suassuna, entre outros intelectuais. Como um dos diretores do MCP construiu e dirigiu a Galeria de Arte, às margens do Capibaribe, o Centro de Artes Plásticas e Artesanato e as Praças de Cultura, no Recife.

Durante os anos de 1957 e 1958 expôs em vários países da Europa, na Mongólia, na Argentina, em Israel, na antiga União Soviética, na China e nos Estados Unidos. Lançou, em 1962, o álbum de desenhos “Meninos do Recife” e em 1967, a coleção de desenhos “Danças brasileiras de Carnaval”, na Galeria Mirante das Artes, em São Paulo.

Integrante do então ilegal Partido Comunista desde 1948, Abelardo e sua família conheceram a prisão, a tortura e perseguição do regime de exceção que sobreveio ao golpe civil-militar de 1964. A cada Ato Institucional baixado pelos militares, e sob quaisquer outros pretextos, o artista “subversivo” era preso, contabilizando mais de 70 prisões desde 1947 quando fazia propaganda política em comício do Partido. Com o golpe, muda-se para São Paulo, onde é acolhido pelo casal de amigos Lina Bo e Pietro Maria Bardi, e trabalha na extinta TV Tupi. Retorna ao Recife em 1968, dedicando-se à pesca enquanto cursa a Faculdade de Direito de Olinda. Nos anos 1970 volta a trabalhar em seu estúdio, onde hoje está instalado o Instituto que leva seu nome.

Possui obras nos acervos de museus como MASP em São Paulo, no MAC USP em São Paulo, no Museu Nacional de Belas Artes no Rio de Janeiro, com a obra “Desespero”, “Enterro de Camponês” no museu do Solar do Unhão na Bahia, “Mulheres” na Estação Branco em João Pessoa – PB, “Memorial Aos Retirantes” no Parque Dona Lindu e no Museu de Arte Moderna Aloísio Magalhães no Recife, “Água Para O Morro” no EuroMuseu, além de diversas obras em prédios e praças públicas, museus, galerias e espaços de arte nos Estados Unidos, China e Argentina.

Renato Magalhães Gouveia/Curador – Bacharel em Direito pela USP, em 1954. Participou da diretoria dos principais centros de difusão da cultura como a Pinacoteca do Estado de São Paulo (Conselho Diretor), Fundação Armando Álvares Penteado (Administrador Geral), Instituto Lina e P.M. Bardi (Diretor Vitalício), Fundação Maria Luiza e Oscar Americano (Diretor Vitalício) e nos últimos 20 anos Diretor do Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand, e seu Conselho Deliberativo, mantém atividade no Escritório de Arte que leva meu nome, realizou cerca de 100 Leilões de arte de alto nível e feito perto de 100 exposições de artistas brasileiros e estrangeiros. Organizou o livro “ MASP 60 anos – A história em 3 tempos” editado em 2010.

Serviço:
Mostra: “Abelardo da Hora 90 anos: Vida e Arte”, mostra de Abelardo da Hora
Abertura: 11 de agosto, terça-feira, às 19h
Período expositivo: de 12 de agosto a 27 de setembro de 2015

Local: CAIXA Cultural Recife
Endereço: Praça da Sé, 111 – Centro – São Paulo – SP
Entrada: franca
Classificação indicativa: livre
Telefone: (11) 3321 4400
Horário: de terça-feira a domingo, das 9 às 19 horas
Acesso para pessoas com deficiência
Patrocínio Caixa Econômica Federal